fonte: Estadão
Para o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, a decisão do Supremo de suspender a lei que liberou ‘pílula do câncer’ resgata a credibilidade que o País tinha na comunidade científica internacional. “Recebemos várias manifestações de que o Brasil não era um país sério. Essa mácula está sendo corrigida. A decisão resgata esse prestígio na comunidade médica internacional”, disse.
Segundo Cardoso, é dever da classe médica recomendar aos pacientes somente tratamentos com eficácia e segurança comprovadas. “Nossa conduta deve ser pautada no conhecimento técnico e forte evidência científica. O que defendemos é que essa substância siga todo o trâmite necessário da agência reguladora”, opinou.
O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, também elogiou a suspensão. “O CFM não recomenda a incorporação da fosfoetanolamina no arsenal terapêutico antineoplásico até o seu reconhecimento científico”, disse a entidade, em nota oficial.
Professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e especialista na descoberta de novos fármacos, Glaucius Oliva destacou que a liberação da fosfoetanolamina abria precedentes perigosos. “Mais preocupante que os riscos potenciais dessa substância – que desconhecemos – foi o desenrolar desse episódio, que colocou em risco todo um sistema de segurança farmacológica com base em evidências científicas, que foi construído ao longo de décadas”, disse o ex-presidente do CNPq.
Atual presidente do Instituto Oncoguia, ONG que dá suporte a pacientes com câncer, Luciana Holtz afirma que a decisão dos ministros foi “uma medida bastante ponderada diante de uma substância ainda tão cheia de dúvidas”. “Precisamos de mais respostas e de segurança. Os estudos clínicos vão começar e temos de aguardar os resultados.”